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Alergias alimentares - Relato de caso

Hoje quem nos conta a história da sua filha, é a mamãe da Louise, a Clara, ela conta como foi todo o processo até descobrir que a sua filha é alérgica a proteína do leite de vaca.


"Aqui é a mamãe da Louise de um aninho. Portadora de Alergia a Proteína do Leite de Vaca (aplv) com IgE não mediada e outras alergias alimentares. Quando chegamos em casa, ainda durante a fase de adaptação a nova rotina e nos conhecendo melhor, naquele período mais difícil, minha pequena começou a apresentar uma assadura nas nádegas. Inicialmente de pequena extensão. Então não me chamou tanto a atenção. Porém com o tempo e mesmo com todos os cuidados de higiene, trocas de fraldas quase que imediatas, essa assadura teve aumento gradativo. Ficou imensa. Comprei todas as pomadas que se imaginar haver no mercado. Cheguei a usar até corticoide e antibiótico. Nada fazia melhorar.

Passamos a usar constantemente fralda de pano. E a assadura só piorando. Eu já não compreendia aquilo. Pesquisei as possíveis causas, pois mais uma vez os médicos não faziam ideia de como me ajudar a solucionar essa situação. Cheguei a ir a uma rezadeira, não uma vez, mas várias afinal se pomadas, procedimentos higiênicos, orientações médicas e remédios caseiros não resolveram, sequer ajudaram, a causa poderia ser espiritual.

Bem, pode ser que tenha ajudado o meu espiritual a passar pelo que ainda viria pela frente, pois a assadura aumentava assim como a dor que meu bebê sentia. Ela não mais dormia sem antes chorar bastante de dor. E eu chorava do outro lado. Que dor eu sentia em meu ser. A pediatra já havia me orientado a fazer dieta de leite e derivados. Mesmo assim ninguém me orientou sobre os traços de leite que existem em vários produtos que consumimos quase que diariamente.

Foi quando eu descobri que praticamente tudo no mercado de alimentação pode ter traços de leite. O que pode ser muito perigoso para bebês alérgicos dependendo da manifestação alérgica que ele apresentar, indo desde apenas urticária na pele até depressão grave do sistema respiratório. Como a gente aprende a ser mãe com o tempo. Quando eu já estava esgotada orei muito e mais uma vez varri minha memória em busca de um especialista em feridas. Lembrei-me de uma professora da faculdade que era estomoterapeuta. Liguei para ela desesperada. Infelizmente pela distância entre cidades ela não poderia me atender. Mas me indicou um enfermeiro colega que atuava em minha cidade. Meu bebê só mamava e não fizemos a ligação entre a ferida e alguma alergia alimentar. Foram dias difíceis, mas conseguimos tratar a ferida com um creme de proteção da pele chamado dermamon e um pó chamado stomahesive.

Por este motivo por qualquer descuido a ferida voltava. Fiz dieta de leite e derivados até os 4 meses por orientação da pediatra. Depois voltei a ingerir leite e seus derivados. Então ainda não havia realizado a introdução alimentar, porque meu objetivo era levar o alimento exclusivo até os seis meses.


Quando ela completou seus 5 meses, por ansiedade e pressão da família com aquela história antiga de que o leite não está sustentando o bebê, acabei introduzindo fórmula (NAN1). No começo ela aceitava bem. Com isso eu tive esperança de que meu bebê dormisse melhor, pois a fórmula demoraria mais a ser digerida, portanto teoricamente ela dormiria mais. Pura ilusão, o que houve foi que ela não dormiu melhor, mas começou a apresentar algumas urticária e manchas avermelhadas pelo corpo.

Mas eu não suspeitava da fórmula porque aparecia cerca de uma hora há duas depois da ingestão da fórmula e depois desaparecia. Foi quando finalmente ela começou a rejeitar a fórmula. Eu, na minha ignorância sobre o assunto relacionado a alergias, cheguei a pensar que era devido ao látex do bico da mamadeira, pois ela somente aceitou esse material.

Aqui foi a primeira vez que suspeitamos de alergia ao leite e ai parei de completar a alimentação dela com fórmula. Por curiosidade passei um pouco da última fórmula que tentei faze-la tomar em uma pequena parte da pele do tórax dela. Para minha surpresa ficou vermelho 20 minutos depois.


Vendo a reação que deu tentei leite de soja para bebês. Também sem sucesso. No mesmo dia que introduzi ela vomitou após dormir e depois disso a noite inteira. Passamos a noite no hospital aguardando a pediatra que somente viria dar seu plantão pela manhã do outro dia. Pelo menos ela estava em hidratação venosa. A suspeita da pedi foi alergia e não intolerância. Pois, segundo ela, quando as reações são cutâneas e há presença de vômito geralmente são alergia.

Saí do hospital com o pedido de exame para alergia a tal proteína do leite que até então eu nem sequer sabia que existia e muito menos que poderiam causar tanto desespero aos olhos de uma mãe de primeira viagem com suas terríveis reações a bebês sensibilizados.



Fui no laboratório e enfim coletei o exame na esperança, de que, com o resultado eu pudesse buscar tratamento. Para minha surpresa o resultado do exame não demonstrou nenhuma alteração. Contudo meu bebê ainda não podia ter o mínimo contato que já apareciam as terríveis urticárias, pela grossa, como a médica me falou, para que eu compreendesse aquele amontoado de carocinhos em quase todo o corpo do bebê e que apareciam e desapareciam em dias, as vezes semanas.


Continuamos evitando leite e derivados até que chegou o momento mais esperado. Ela completava 6 meses. Finalmente iríamos começar a sentar a mesa juntas para realizar as refeições em família.

A introdução alimentar começou pelo método Blw.

Começamos com banana. Mas eu tinha muitas dúvidas sobre esse momento. Marquei então uma avaliação com a nutricionista Samia Cruz. Profissional maravilhosa, me orientou sobre a alergia e a procurar um especialista no assunto. Me orientou também quanto ao método blw.

Desde sempre percebi o interesse da pequena em pegar a comida com as próprias mãos. Achei que seria perfeito para nós duas. Queria meu bebê com mais independência.

E inicialmente correu tudo bem. Não é que aquela forma de oferecer alimentos ao bebê dá mesmo certo. Fiquei surpresa com a desenvoltura dela ao se alimentar. Começamos com as frutas. Ela pegou e já gostou da banana. A orientação era uma fruta diferente todo dia. Realizar anotações em um diário de alimentação de todos esses momentos com o que era oferecido e a observação de reações. Mas minha bebê era saudável. Já bastava essa tal APLV.


Infelizmente nem sempre é como esperamos. Ao introduzir outras frutas ela começou a apresentar reações imediatas e tardias. São imediatas quando o bebê apresenta assim que tem contato. Tardia quando ocorrem após horas depois das refeições. Primeiro o abacate, depois ameixa, melancia, abobrinha, cebola, alho... E tantos mais. Me vi em desespero, o que eu iria dar para essa criança comer? Decidi então finalmente procurar uma alergologista para mais exames detalhados, pois havia me esquecido totalmente da alergia ao leite, afinal era só isolar o bendito.



Chegamos a um consultório superlotado. Muitas crianças e adultos aguardavam atendimento. Percebi que o problema alérgico não acontecia assim tão raramente. Apesar de não saber exatamente do que se tratava o caso de cada um, afinal a médica não atendia apenas alérgicos a alimentos.

Tirei algumas dúvidas, ela realizou entrevista do histórico da apresentação da alergia, exame físico, pediu mais exames inclusive a látex e ovo. Repetimos o exame para alergia da proteína do leite de vaca. Então trocamos toda a linha de higiene do bebe. O hidratante e o sabonete agora seriam o Aveeno baby. O sabão de lavar roupas apenas de coco. Ela passou a tomar o antialérgico allegra de acordo com o peso. E para as apresentações de irritação da pele uma loção de aceponato de metilprednisolona (corticóide). E agora eu teria que ler atentamente os rótulos de todos os produtos verificando se não havia algum composto lácteo ou ligando para o SAC de atendimento ao cliente. Eles também te passam a lista de produtos que contém traços do leite de vaca.

Mais um coisa, o último item receitado foi um prebiótico para ajudar na maturação intestinal e assim quem sabe talvez a alergia aos poucos ir diminuindo até desaparecer. Não há exatamente um tratamento para cura da alergia. Li eu algum lugar, sinceramente, não recordo qual, que 50% das crianças com APLV estariam livres da alergia até um ano de idade. 90% até os 3-4 anos de idade. Apenas uma pequena parcela permaneceria alérgica até a puberdade ou vida adulta.


Quando fui a essa consulta meu bebê já estava com 7 meses. Hoje percebo que as reações são mais leves. Com o resultado dos exames, que aliás novamente não deu IgE nenhuma para APLV, veio a surpresa da alergia ao ovo. Agora a duvida que me batia a porta era com relação a vacinação. Ela poderia tomar a tríplice viral e a tetra viral que são inoculadas em embriões de frango? Segundo o pediatra e a alergologista sim. Mas chegando ao postinho, onde desde sempre a levo para tomar as vacinas, fui informada de que há uma vacina especial para os bebês com esse tipo de alergia. Ótimo, eu achei o máximo

Agora com diagnóstico clínico por escrito, mesmo que, sem o laboratorial tenha apresentado alterações eu poderia entrar no programa do leite para crianças sensibilizadas. Ela toma a fórmula pregomin. É uma fórmula muito cara, 140,00 a lata. E ela toma 3-4 latas por mês.

Esse leite tem as proteínas altamente Hidrolisadas, ou seja, há a quebra dessas proteínas em particular menores mais facilmente digeríveis. E essa é a história mais longa que digitei até os dias atuais. Obrigada pela oportunidade de acrescentar minha experiência a seu trabalho. Abraços a todas as mamães que estão na mesma situação que estive. Toda mamãe precisa de carinho e atenção."


A Clara é uma mamãe muito querida aqui do blog, já compartilhou conosco sua dificuldade do aleitamento materno em outro post e veio nos ajudar com essa descrição do começo da vidinha da Louise. Ela nos contou que existe esse programa de leite para crianças que possuem alergia a proteína do leite de vaca e que o processo foi levar o laudo do alergologista a secretária de saúde junto com a ficha de cadastro do médico do município, aí é só esperar pra ser chamada e passar com um médico especialista gástrico e uma nutricionista.

Assim que ela passar vai nos mandar os detalhes, tomara esse programa possa chegar a outras mamães e esse relato ajude muito quem está passando por essa fase.


E por ai, tem histórias que podem ajudar outras mamães? nos envie e vamos juntas formar essa irmandade materna virtual



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